(Foto:
Hudson Pontes)
Tempo
de União Carioca
Vagner Gomes de
Souza
Em tempos de pandemia,
a cidade do Rio de Janeiro tem passado por um desafio de reconstrução e união
diante de uma profunda crise financeira. Os níveis de arrecadação colocaram a
antiga capital federal cada vez mais na dependência dos recursos do Governo
Federal, via BNDES ou outras transferências como o FUNDEB. Um bom gestor
público carioca precisa estar então predisposto ao diálogo, o que não implica
em alinhamento ideológico.
Essa “pós-verdade” do
alinhamento ideológico alimenta as forças políticas anacrônicas dos extremismos
prisioneiros de uma ética da convicção que esvazia a urgência da ética da
responsabilidade. Não é momento de novas aventuras arcaicas com o discurso
vazio de “cara nova na política”, pois essa trilha simplesmente agravou nossa
situação econômica e social diante da pouca experiência de muitos.
Não se trata de um
preconceito em relação a necessária renovação dos quadros políticos cariocas,
mas tudo se deve fazer em seu tempo como se o a fortuna estivesse a ser
conduzida pela virtú. Portanto, as inspirações de “frente de esquerda” ou “frente
ampla popular” abalam o reencontro do eleitor carioca com a defesa da
democracia. Mais do que uma defesa hegeliana, ou seja, no cunho do idealismo
político. Defendemos a Democracia diante dos desafios que temos de melhor
inserir a juventude e demais cariocas numa melhora na sua renda de vida.
Não é um simples
desafio e não se resolverá pelos labirintos identitários que engessaram a
capacidade do mundo intelectual carioca em melhor pensar a cidade do Rio de Janeiro.
Os ensinamentos do saudoso Carlos Lessa (que nos deixou por conta da COVID-19)
ainda estão válidos para se buscar os melhores caminhos democráticos para um
programa de unidade. Sua vasta obra e seu acervo representam um patrimônio
carioca que convidam todas e todos para fazer um grande debate programático
numa pauta republicana e democrática.
Sugerimos que a partir
da leitura de Carlos Lessa o carioca redescubra o orgulho de ser um eleitor
aberto e acolhedor como se fosse uma “esponja social”. Esse é o momento em que
a unidade deve estar na mesa das negociações para um desafio eleitoral.
Todavia, citemos o exemplo do bairro de Campo Grande, se assemelha a um
“laboratório político” para se observar as possíveis movimentações do eleitor
diante do campo das promessas eleitorais.
O espaço político
mencionado indica que o eleitor, movidos pelos interesses, pode se deixar
seduzir por “narrativas” que em nada viabilizam no desenvolvimento econômico e
social. Muito ganha significado o papel dos “mediadores” da sociedade como
Associações, Igrejas, Sindicatos, Escolas de Samba, Clubes de Futebol e etc. Campo
Grande é um mosaico político a ser democratizado pela apresentação do valor do
discurso da unidade em tempos de hipermodernidade.
Está no bairro a “chave
política” para se reorientar seus descaminhos para impedir tempos sombrios. Não
há atalhos na política e estamos em tempos de vivenciar a pluralidade.
Abracemos o que há de melhor em nossa história política e pensemos na melhor
qualificação do legislativo municipal. Por outro lado, o desafio da educação
não se pode estar em silêncio diante de uma realidade no qual poucos são os
jovens que conheçam a cidade para além da “Praia da Macumba”. Índice elevado de
jovens que nunca entraram num Museu, ou num Teatro, ou no Cinema, ou qualquer
atrativo turístico. O melhor de ser carioca ainda está “apartado” de muitos
jovens do bairro que encontram nas redes sociais um refúgio e se deixam
alimentar nas “Fake News”.
Agora estamos nos
primeiros passos para se pensar os próximos 25 anos so sentido de ser um
carioca mais democrático. Pensar na formação de uma percepção de busca do
equilíbrio na política, pois não vamos resolver nossos problemas nos
confrontando por forças estranhas a história de nossa cultura política que
sempre foi nacional e popular com raízes no centrismo que até atraiu o
trabalhismo de Getúlio Vargas na antiga Guanabara. Eis o momento de primar mais
pela unidade que pela identidade.
Excelente texto propositivo para evitar uma derrota para o novo na política, que também é presente no campo adversário. Campo Grande deve ser avaliado como um microcosmo da cidade pela sua heterogeneidade econômica e cultural. Vamos compartilhar esse texto, leitores!
ResponderExcluirParabéns pela análise. Rei Lulão
ResponderExcluirMuito esclarecedora sua análise, o Rio de Janeiro precisa de políticos que pensem no bem-estar comum, o que vemos hoje é uma vergonha acontecendo neste estado. Parabéns.
ResponderExcluirArtigo que mostra os caminhões a se seguir, muito bom, parabéns.
ResponderExcluirÓtima reflexão.
ResponderExcluirEsse é o caminho.