sábado, 16 de dezembro de 2023

BOLETIM BRASÍLIA CONECTION - BBC 029 - UM BALANÇO SOBRE A EDUCAÇÃO

Educação e Futuro da Democracia

Vagner Gomes de Souza

 

Estamos num ano de encerramento do ano letivo no país. Valeria um balanço do primeiro ano de gestão do Ministério da Educação no Governo Lula – Alckmin. Como em diversos segmentos do governo, observamos que a Frente Democrática ainda se encontra desafiada pelas mazelas da pandemia no qual o antecessor nada fez como se a sociedade estava aprisionada a um “Game”. Essas seriam, em breves linhas, nosso balanço para que a educação tenha um trabalho contínuo para que o futuro da democracia não esteja sob ameça.

Os números das avaliações indicam o retrocesso na educação brasileira em apenas quatro anos. Esse retrocesso colaboraria com o negacionismo científico em inúmeras situações. Por exemplo, se um aluno do ensino médio explica com naturalidade que as chuvas caem porque há nuvens acionadas pelos raios, observamos que estamos no limiar do “fundo do poço”. Imagine os olhares de desconhecimento para temas da saúde, por exemplo, a diabetes.

Seriam dois temas em que suas habilidades estariam abordadas no ensino fundamental. Aliás, diversos especialistas em educação adoram enumerar que a situação do ensino fundamental estaria melhor que no ensino médio. Dependeria dos parâmetros a quais se referem. Muitas vezes usam os números de evasão escolar e de aprovação nessas opiniões comparativas. Muitos se silenciam sobre os impactos de uma “aprovação automática” disfarçada e, sem critérios pedagógicos, uma fantasia de relatórios que ficarão a ser lidos pelos “ratos da História”.

A manutenção do gestor no Ministério da Educação, ainda que haja ajustes a serem feitos, seria um desafio no comparativo a gestão anterior. Aos poucos, a Secretaria de Ensino Superior consolida um perfil mais expansivo na abertura de novas vagas no ensino universitário público. Todavia, assim como os alertas sobre o ensino básico, devemos estar atentos a descaracterização do ensino EAD que seria mais complementar, porém está assumindo força sem um balanço. No nível do Ensino Básico, a necessidade de uma melhoria na articulação política do Ministério com os entes da federação seria urgente.

A inserção das mudanças ao projeto original de ajustes ao Novo Ensino Médio, relatado por um parlamentar de um partido da base do Governo, não pode ser visto como se fosse um revanchismo político ou com a nova onda do neoliberalismo pedagógico. Números de aulas aula não são critérios para serem polarizados num debate político sobre a Educação. Ser mais criterioso nas ofertas de ensino presencial se faz necessário uma vez que a juventude pobre tem todas as cores e o princípio da universalidade do acesso a educação pública deve atender todos os segmentos sociais. Os ajustes necessários no Novo Ensino Médio devem agregar esse princípio político republicano e democrático.

Apesar dos deslizes sobre as manifestações de alguns assessores sobre o ensino nas escolas civil-militares, devemos sempre estar abertos a inclusão de todas e todos. Vejam um exemplo do governo de Centro-esquerda da capital carioca para perceber que a ascensão do Partido dos Trabalhadores a gestão municipal não foi condicionada a suspensão desse projeto em algumas unidades escolares. Esse amadurecimento deveria se espalhar para outras esferas do Governo Federal.

Ainda temos o desafio da leitura e escrita numa sociedade cada vez mais digitalizada. O Ministério da Educação, com auxílio de especialistas da educação e da saúde, precisa promover uma campanha de esclarecimento aos pais e a juventude sobre o uso excessivo dos canais digitais em celulares. A ansiedade na juventude provavelmente cresceu nas últimas décadas e a educação está se adaptando com o problema ao contrário de ser um espaço para fazer valer a orientação educacional. Se um professor não pode criar suas regras de convivência com as novas tecnologias na unidade escolar, tudo é fruto da ausência de uma parceria com a família. Esse debate deve incluir os responsáveis para que tenhamos uma melhor valorização do uso do tempo livre para o lazer e a leitura. Todavia, faltam espaços públicos federais apresentados uma diversidade de programação cultural. Enfim, está faltando diálogo entre os Ministérios da área social. Esse seria o papel de um Ministro da Casa Civil promover.

Um Brasil de livros se faz com leitores motivados nas escolas e nas famílias. Não se cria mais leitores com disciplinas como “Circulo de Leitura” ou “Rodas de Leituras”. Essas iniciativas são sinalizações de estimulo pedagógico que precisam ser acompanhadas por outras iniciativas, por exemplo, “Caravanas dos Livros” (levar bibliotecas móveis em comunidades da periferia). Por fim, diante de um Governo que deseja ter a marca na busca da igualdade de gênero, não podemos ter ainda um enorme déficit de creches públicas no país. E Creches que estejam abertas até 18 horas, pois temos as creches que encerram suas atividades às 15 horas diante do silêncio de parlamentares até do campo da Esquerda.

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