A
Frente Democrática desafiada
Vagner Gomes de
Souza
Não foi por falta de
avisos que chegamos a dezembro afogados em números de duas pesquisas relevantes
de opinião que vaticinam para a Democracia no Brasil um futuro incerto. O difícil
mês de novembro foi apenas uma ponta do iceberg da complexa sociedade em que
estamos a viver, uma vez que, a campanha eleitoral de 2022 se fez com uma fuga
do debate programático e mais se desenrolou num sentimento de rejeição ao
governo anterior. Entretanto, na prática da pequena política, há ainda muitas
lideranças no campo progressista no cálculo de que houve uma ampla margem de
vitória como nos sugerem as assustadoras negociações pré-eleitorais daqueles
que alimentam a ideia de que o Governo avançará mais diante de inúmeras “frentes
de esquerda” nas capitais e principais cidades do país.
Afogados nos números
das pesquisas, o mal estar da crise da política ainda se mantém num fogo brando
no aguardo da “picanha da autocracia” se não retornarmos ao fio da meada no
desenho político das forças presentes na composição do Governo, que encerra seu
primeiro ano com a Frente Democrática desafiada a se fazer presente apesar de
todos os devaneios que testemunhamos nesses meses aparentemente perdidos se continuarem
os lugares de fala de quadros políticos formados num “Asilo Arkham”. Diante
disso a percepção da insegurança pública cresceu assim como os números do
feminicídio puxados pela “locomotiva do voto retrógrado” no estado de São
Paulo.
Enquanto a Frente Democrática é desafiada no terreno carioca pelo messianismo da Praça de São Salvador sob lideranças de beatos à esquerda, a Zona Sul (base eleitoral do que sobrou da chamada esquerda carioca) enfrenta a emergência dos “Justiceiros”. A derrota já se anuncia por antecipação para todos nós democratas por conta de articulações que não se atentam que o momento pede um passo atrás para se dar dois adiante. Os desafios cariocas seriam mais ousados, pois temos o maior bairro da América Latina (Campo Grande) com uma sociedade psicologicamente pressionada em fortes mutações e os valores da civilização se perdem numa velocidade assustadora. Aparentemente, não leram as linhas escritas por nós sobre a série “Cangaço Novo” que indicava referências do pensamento social brasileiro para se partir para uma nova tipologia da interpretação sobre os desafios postos nesse momento.
Falemos sobre a
juventude. Com certeza os números das pesquisas não estão a sorrir para a
Democracia. Na avaliação do Governo, o segmento de 16 – 24 anos ficam no “muro”
da avaliação regular acima dos 40% como de além de nem trabalhar, nem estudar
tenhamos também o nem opinar. Essa “massa incógnita” se transforma em seguida
em opiniões mais reacionárias no segmento posterior. Logo, a juventude está
abandonada nesse esvaziamento da Frente Democrática. Uma vez que os grupos juvenis
mais articulados seriam os evangélicos e o a política organizada na
criminalidade com bases com tamanha capilaridade nas periferias dos grandes
centros urbanos, sugerimos que a incerteza para os próximos anos se acentuem se
não modelarem um olhar para uma cultura política democrática na base da
sociedade. Ainda mais num contexto de globalização da inteligência artificial
ameaçando a existência dos empregos numa velocidade para além das condições de
respostas dos diversos segmentos da gestão pública federal.
Entretanto, a
democracia ainda é defendida como um valor positivo e as diversas vertentes da
política brasileira defendem a liberdade em suas diversificadas nuances. Esses
elementos nos permitem reconhecer que ainda temos um tempo para os ajustes
necessários. Os sinais positivos já surgem no promissor encontro entre o atual
Vice-Presidente da República e o ex-Governador de São Paulo que foi responsável
por um amplo embate contra o negacionismo em relação a eficácia das vacinas
contra a COVID-19. Devemos estimular novos reencontros como se seguíssemos o
legado de Betinho que, em seu equilíbrio político, afirmava que quem tem fome
tem pressa. Temos que olhar para os movimentos reais da sociedade e abandonar
essas fantasias de narrativas pós-modernas, pois essas posturas estão
fornecendo o combustível dos adversários do nosso marco civilizatório.
A Democracia no Brasil sempre está sob ameaça.
ResponderExcluirSempre bom ler os pontos de vista e buscar informações sobre a esquerda.
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