Carta Aberta a Transição do MEC para 2023
Pacelli Henrique
Silva Lopes
Após o
resultado da eleição em 30 de outubro de 2022, sendo esse o pleito mais
apertado da nossa história democrática pós-1988, ficou claro como precisaremos
reconstruir o país em torno de um projeto de nação. Infelizmente, chegamos ao
último pleito eleitoral sem que nenhum dos candidatos presidenciáveis tivesse
apresentado de forma clara um programa de governo. Com isso, é necessário agora
mantermos mobilizados a frente democrática, para que juntos, possamos construir
um programa de governo que seja alicerce para o novo governo Lula & Alckmin,
bem como, para um projeto de nação que respeite os valores da constituinte e
reforcem nossa democracia e a república.
E de
acordo com o noticiado após a primeira reunião do grupo na fala da
representante Priscila Cruz, presidente – executiva do Todos Pela Educação é
que os três pontos principais que a equipe de transição pretende colocar como prioridades
são: recomposição do pacto federativo, do orçamento da pasta e a recuperação do
atraso ocasionado pela pandemia de Covid-19. Os temas apontados estão de fato
na ordem do dia.
Em
resposta a esses e outros problemas no primeiro semestre de 2019 a Organização
das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) formou a Comissão
Internacional Futuros da Educação, responsável por analisar o status quo,
bem como, apontarem caminhos possíveis para a educação mundial. Os seguintes
expoentes foram convidados: Sahle-Work Zewde, que a presidiu, Masanori Aoyagi,
Arjun Appadurai, Patrick Awuah, Abdelbasset Ben Hassen, Cristovam Buarque,
Guerra Elisa, Badr Jafar, Doh-yeon Kim, Justin Yifu Lin, Evgeny Morozov, Karen
Mundy, António Nóvoa, Fernando M. Reimers, Tarcila Rivera Zea, Serigne Mbaye
Thiam, Vaira Vike-Freiberga e Maha Yahya.
Ao
adotarem o conceito de novo contrato social da educação os membros se remeteram
ao século XVIII, quando o contrato social entrou no cenário e passou a balizar
a discussão planetária. Os membros buscaram expressar através deste conceito
histórico a necessidade que um novo acordo de cooperação global, a ser feita
através de normas, compromissos e princípios democráticos venha consolidar a
educação como um bem comum e público reconhecida como um patrimônio da
humanidade, capaz de iluminar futuros mais sustentáveis, pacíficos e justos.
Partindo
da realidade atual, eles constataram a necessidade de um novo contrato social com
as ampliações das possibilidades abertas pelas tecnologias de informação e
comunicação tendo ainda dois pontos cruciais, o crescimento da necessidade de
uma educação ao longo da vida e a resolução da crise contínua de relevância e
deficiências para garantir que as crianças e jovens adquiram habilidades planetárias.
A
pandemia abriu um tempo de incertezas que culminou na exposição dos limites da
escola tradicional. Nossa realidade traz os seguintes paradoxos da crise
global: a desigualdade aumentou e tivemos uma expansão educacional com uma
claudicante qualidade; crescimento econômico ao custo de uma degradação
ambiental acelerada; se por um lado tivemos o aumento da criatividade e da
participação comunitária, vemos a vida cívica e democrática sem todos os seus
potenciais. A pandemia da COVID-19 escancarou as vulnerabilidades, pois aos termos
escolas fechadas, descobrimos como a vida escolar influência a vida econômica,
ficando a sociedade paralisada e profundamente impactada no seu bem-estar
social, intelectual e mental.
Com isso,
temos que o nosso mundo é complexo, incerto e frágil. A complexidade é
demonstrada através das dificuldades perturbadoras escancaradas pela pandemia e
suas consequências, ao mesmo tempo, momentos de crise são capazes de produzir
um dinamismo e múltiplas possibilidades. É incerto por gerar muita apreensão,
possibilitando também um grande potencial para mudanças. Sendo frágil por conta
dos riscos para nossa humanidade compartilhada, que também pode ser perceptível
na consciência de nossa interdependência.
E para
reinventar a educação precisamos nos perguntar: o que devemos fazer? O que
devemos parar de fazer? E o que deve ser reinventado criativamente? Frente ao
desafiador cenário iluminado pelo documento, precisaremos que o futuro
Ministério da Educação seja muito mais plural e atento aos desafios do nosso
tempo.
Acredito que ficará atento as necessidades dos cidadãos brasileiros
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