Estratégias
da Direita Racional
Vagner Gomes de
Souza
O cenário de uma desgastante
disputa eleitoral no segundo turno está se avizinhando sob a ameaça de derrotas
eleitorais em estados da federação “chaves” para o campo democrático. A Direita
Racional, muito bem capitaneada pelas forças políticas do mais articulado bloco
político chamado de “Centrão”, desenvolve uma campanha para além das táticas
eleitorais. Eles estão deixaram de ocupar nenhum bairro como se fossem até
aliados do lulismo. Todas as desvantagens políticas acabam por ser imobilizadas
por essa configuração diante da falta de condição das forças democráticas em
pautar o debate eleitoral até o presente momento. Oportunidades perdidas como
no recente falecimento da Rainha da Inglaterra que lutou na Segunda Guerra
contra o Nazifascismo.
Não é novidade nosso
alerta de que não se poderia entrar numa campanha eleitoral sem um debate
programático que apresentasse mais um Brasil no futuro que um “Book Digital” de
boas realizações do passado. O eleitor jovem não viveu ou não tem memória
política para se mobilizar com os temas do passado ainda mais diante do “negacionismo”
de algumas vertentes esquerdizantes sobre nossa formação histórica quanto ao
sucesso de nossa trajetória política nacional no cenário mundial.
Diante disso, onde está
a juventude espontaneamente nas ruas a fazer uma campanha eleitoral em favor de
um Brasil republicano e democrático? Esse segmento se autoisolou nas redes
sociais, pois PROUNI, PRONATEC, ENEM e outras siglas ainda não atingem a
sensibilidade do momento: a morte de emprego diante dos avanços tecnológicos. A
precarização do trabalho que mais atinge aos jovens mais pobres o faz se distanciar
de uma mobilização eleitoral acadêmica com essas leituras em derivas sobre o
eu. Assim, o “Centrão” ganhou fôlego nas camadas médias e superiores da pirâmide
social com polêmicas e anima o debate referente aos temas de costumes, ou seja,
superestruturais.
Diante de quase 700 mil
ausências causadas pela COVID, em que momento as mães, viúvas, noivas,
namoradas, filhas, avós vão ter um lugar de fala sobre esse drama social na
campanha eleitoral das forças democráticas? Ainda não se falou sobre as
consequências econômicas duradouras dessa Pandemia. Portanto, há o genocídio na
comunicação de uma campanha ao dialogar com as camadas populares de forma muito
rebuscada nas palavras. De mobilizações de ruas carnavalescas, um segmento
político do campo democrático assumiu um perfil mais e mais sectário ao não
saber mobilizar o leitor mais popular que pode estar a votar no primeiro turno
na coligação Brasil da Esperança, mas nas legislativas vota em candidaturas
alinhadas a coligação Pelo Bem do Brasil.
A ausência das falas
programáticas faz essa campanha ficar a depender de carisma ou avaliar que
dancinhas num aplicativo digital vai sensibilizar um eleitor. Porém, no momento
que chegar ao supermercado, o mesmo eleitor percebe menos contratação de empregados
mais associados a carestia dos preços dos alimentos. A fome estrutural
enraizadas nos empregos informalizados. No país que teve Josué de Castro, um
profundo silêncio programático sobre o ensinamento de José no Velho Testamento
sobre a reserva de alimentos nos tempos das vacas gordas. Assim, que o tema da
religiosidade poderia ser abordado ao contrário de ficar numa defensiva. Esse é
o momento de separar o “joio do trigo” diante das armadilhas identitárias
mobilizadas pelo bolsonarismo ao dialogar com um fundamentalismo religioso que
só existe nas mentes dos coordenadores de campanha táticas de campanha
americanizadas. Ainda somos o país da religiosidade do sincretismo que é também
econômico e social.
Contudo, abre-se um Mar Vermelho para os votos aos “Vermelhos Americanizados” (nossa referência ao perfil do eleitor que defende pautas semelhantes ao Partido Republicano dos EUA cuja cor é vermelha). As ruas estão vazias de militância das candidaturas do Brasil Esperança ao legislativo a falar do preço do leite. Talvez seja por ser uma bebida de cor branca. Além de falar da carne mais barata. Apresentemos soluções mais sustentáveis para não termos uma carne bovina mais cara do planeta. Os problemas energéticos na Europa por causa da Guerra da Ucrânia expõem os erros do discurso “anti-imperialista” retirado dos museus de uma jovem militância que não está fazendo o eleitor da coligação fazer campanha republicana e democrática.
Esse é o momento de não
se envolver numa “Guerra Digital” em busca de narrativas. Vivemos o momento de
fazer o que sempre foi mais marcante aos militantes do campo democrático. Estar
debatendo o futuro com o eleitor nas ruas. Diferente de 2018, a Direita
Racional está nas ruas com recursos de um possível secreto orçamento. Cada candidatura
proporcional das forças do “Centrão” está mobilizando a campanha da reeleição
do Presidente. Não se iludam com as danças das baianas nas redes sociais, pois
em carnaval até flamenguistas dançam com vascaínos. Deixamos a política ser
essa carnavalização sem ideias. Devemos corrigir os rumos com mais contato com
os eleitores nas ruas priorizando também as candidaturas proporcionais em
bairros populares. Por exemplo, o que estão a fazer no maior bairro do Brasil para
reverter os resultados de 2018 (Campo Grande – Rio de Janeiro)? Não se pode
estar a ficar com “boca-de-siri”, pois há sinergia política das eleições
proporcionais para a majoritária.
Então, Ciro é o grande
vitorioso até o presente momento nesse cenário eleitoral aqui desenhado. Soube
mobilizar a superestrutura para evitar os temas econômicos inconvenientes. De
forma racional, Ciro sabe que não se pode debater a economia do país. Mais
temas de Igrejas e menos temas do Supermercado. Deixe o mercado das narrativas
fraturar ainda mais o campo democrático. Essa é a estratégia racional da
Direita articulada por Ciro Nogueira. Reconhecer esse ponto é o começo para que
haja uma nova postura nos próximos 21 dias. Ainda há possibilidades se começar
a mobilizar o eleitor através das campanhas ao legislativo. Nada de cada
território o meu voto. Agora é, Brasil Esperança é meu território.
Bom dia, Vagner! Excelente e elucidativo texto, mais que isto, de racionalidade ímpar!
ResponderExcluirUm excelente texto, como este, além de explicativo, chega até a ser orientador, não posso dizer que esta atrasado, mas se viesse bem antes ajudaria mais.
ResponderExcluirBom dia, Vagner! Curtindo e compartilhando! Abraço!
ResponderExcluirParabéns, companheiro! Sem política não tem saída. Arroz, feijão, saúde e educação!
ResponderExcluirÉ bom o comentário e deve ser trabalhado daqui por diante, pq como vc diz, as ideias andam escassas nesse universo de dancinhas, provocado pela ruptura passado/presente.
ResponderExcluirNada menos do que a velha política
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