A Juventude
e a Batalha do Futuro Próximo.
Por Letycia Campello
Nunca
esteve tão evidente o importante papel da juventude no desenvolvimento da
sociedade. Entretanto, os desafios e obstáculos que estão aparecendo como
consequência dos atos das gerações passadas estão causando sérias preocupações
no meio jovem. Existe uma banalização muito grande da educação, onde o jovem
com seu diploma em mãos precisam trabalhar em áreas completamente diferentes da
que se formou por não ter oportunidades no mercado, e por faltar valorização no
mesmo, indo por caminhos distantes do seu ponto inicial.
Hoje
em dia, o que mais se vê são pessoas optando por carreiras em que se dê para
trabalhar sem depender tanto de vínculos empregatícios, onde a autonomia tem
sido o principal alvo das carreiras. Este fenômeno da busca pela falta de
vínculos em CLT pode trazer a tona diversas evidencias de coisas que estão
acontecendo neste exato momento: a popularização dos ideais liberais sendo
apresentados aos jovens de maneira fantasiada, influenciando fortemente a se
desprender de tudo e a se tornar cabeça de um mercado que só se alcança sendo
puxado por alguém; o fenômeno do coach de empreendedorismo, que planta uma
ideia de crescimento no mercado que na prática não é proveitoso e recompensador
para a grande maioria das pessoas. A grande desvalorização do diploma e as
exigências absurdas de cargos simples. Cada um desses pontos carrega em si um grande
potencial em tirar o jovem de dentro da universidade e jogá-lo em uma fantasia
de que tudo que tocar as mãos virará ouro do dia para a noite, quando se sabe que
não é bem assim que funciona, e o resultado disso são frustrações e a sensação
de ter corrido numa esteira, onde se deu tudo que tinha sem sair do lugar.
Na
prática, a educação no Brasil sempre foi uma problemática desde os tempos do
Império. As exclusões que haviam e os requisitos para ser simplesmente letrado
eram absurdos, e hoje conseguimos ver o reflexo claro desta política
ultrapassada, que cravou tão forte suas raízes na sociedade que mesmo centenas
de anos depois é possível ver a marca da enorme falta de oportunidade que
assolou a maioria da população brasileira. O grande desafio do jovem com a
educação neste quesito é que a responsabilidade de recuperar todo este tempo
científico perdido caiu sobre nós, e ao mesmo tempo, vivemos em um contexto
onde a verba para financiar esta corrida contra o tempo se torna cada vez mais
baixa a cada dia, sofrendo ataques diretos de um governo que valoriza mais o
conservadorismo que a própria evolução do campo científico e intelectual da
nação, ignorando completamente uma possibilidade de avanço protagonizado pela
juventude brasileira.
Ainda
com todos os diversos obstáculos na educação, somos hoje o intermediário entre
os últimos suspiros e gritos de socorro da natureza e a mão da industrialização
e da ganância que a sufocam. Desde pequenos, fomos ensinados a poupar água
enquanto o agronegócio desperdiça, fomos ensinados a não jogar lixo nas ruas
enquanto as grandes companhias descartam toneladas de plástico, fomos ensinados
a preservar os rios enquanto a cada dia mais litros e toneladas de conteúdo
poluente são jogados nos mesmos, fomos ensinados a amar e preservar as
florestas enquanto elas são desmatadas dia e noite para enriquecer mais aqueles
que convém. Em tudo isto, há dentro de nós um sentimento de culpa por sermos
hoje a ponte que tornará este belíssimo planeta em cinzas se não levantarmos
nossa voz a tempo, e usarmos a força que ainda nos resta para impedir que
destruam nossa casa. Mas como fazer isso enquanto muitos de nós está preso nos
pensamentos dos destruidores? A resposta está na educação.
Esta
geração que vos fala pode ser a que descobrirá cura para doenças antes
consideradas atestados de óbito, esta geração pode ser a que impeça o avanço do
relógio do fim do mundo e do colapso ambiental, mas tudo isso dependerá do
preparo encontrado nos livros, laboratórios e nas mentes brilhantes daqueles
que foram ofuscados por toda a vida por um sistema que preza pelo lucro
excessivo em cima de exploração em massa, e ignora qualquer potencial que venha
dos mais desfavorecidos. Por mais angustiante que seja a atual realidade desta
nação, ainda há esperança nas mãos daqueles que não se conformam com o
negacionismo e ignorância, ainda há a possibilidade de reconstruir a estrada
para o jardim, e entregar o florescimento de uma nova primavera humana nas mãos
de nossos filhos e dos filhos de nossos filhos. A humanidade ganhou uma nova
perspectiva de tempo, o famoso A.C./D.C. poderá facilmente simbolizar um mundo
Antes do Covid e Depois do Covid.
Melhor texto
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