Velório de Machado de Assis
Memórias
Póstumas do Cidadão Carioca
(Quase
ficção e Quase Análise de Conjuntura)
Por João Sem
Regras
Esse é um ensaio que
dedico ao “bolsominion” que primeiro celebrou sobre as frias carnes do cadáver
do jeito de ser do carioca. Uma saudosa lembrança para aquele que poderia me
acusar de ser um plagiador de um escritor do século XIX e muito citado pelos
ativistas do movimento negro. Não serei eu um rebelde as tentações de assumir
os diversos modismos, porém eis que estou no lugar de fala de um defunto
diferente daquele servidor público de Salvador que ao beber da água berrou.
Não tive tempo de ler
as considerações de Silvio Almeida sobre meu inacabado estudos sobre Guerreiro
Ramos, pois tinha que me dirigi ao fiel leitor dessa jornada que confesso haver
escrito essa quase análise de conjuntura como quase ficção uma vez que a
política carioca vive (ou estaria morta!?!) sem a reinvenção. Não tenho ilusão
em ser lido por mais de 100 leitores. Nem ficarei em lágrimas por ter
cinquenta, e quando muito, cinco. Cinco? Simplesmente cinco delirantes leitores
“encaixotados” aos sábados em imagens desse aplicativo chamado Zoom.
Tratemos de perceber
que a reinvenção da política democrática no Rio de Janeiro se distancia em
muito da construção coerente de uma unidade. Não que sejamos iludidos por
acordos de “cotovelo” diante dessa pandemia que mata minha cidade aos poucos. A
“carioquice” está adoecida por esses insanos contágios com esses germes
mercadológicos que redesenharam e aprofundaram a desigualdade sutil nesse
cenário que a tampa desse caixão agora me impede ver.
Contudo, eu ainda
espero conquistar as simpatias dos formuladores de opinião do campo democrático
carioca (ainda existiria isso!?!) evitando mencionar nomes de pré-candidaturas
para o próximo mandato a Prefeitura local. O melhor remédio na análise seria
não apontar o melhor nome, mas sim chamar a atenção que faltam quadros
dispostos a formular melhores saídas políticas com inclusão social nesse pandemônio
que está a cidade com banhistas de praia fazendo Henry David Thoreau soltar
sorrisos onde estou.
Aprendi com o ilustre
escritor que nasceu no Morro do Livramento que é melhor não explicar o processo
extraordinário com quais essas linhas estão a serem lidas. Seria curioso, porém
não atingiria o objetivo que é alertar para o fantasma que ronda as eleições
cariocas que seria a “volta da antipolítica”. Ela coloca essa máscara hegeliana
para se prevenir do debate das coisas reais que os números do COVID19 soterram
os números orçamentários para a próxima gestão. A cidade adoecida em sua
vocação cultural e turística enfrenta inúmeros desafios que não podem ser
apenas solucionados por um apertar de botão da “máquina weberiana”.
A “máquina weberiana” é
muito bem vinda nessa racionalização do modo de ser carioca. Entretanto,
sugerimos que os “apertos” continuarão por muito tempo se a cada “aperto de
botão” não seguir um diálogo com a sociedade para que tenha dimensão das
dificuldades e dos limites. Essa cidade que sempre amei não está precisando só
de uma liderança, mas também está refém de um empobrecimento nas articulações
da política. E sem a grande política o “vírus da antipolítica” surpreende
qualquer piloto num avião em meio às turbulências.
Exercitei meu inglês
para conversar com o John Maynard Keynes sobre os desafios das comunidades da
periferia carioca. Sendo um Lord inglês, ele muito falou da antiga fábrica têxtil
de Bangu e dos desafios de um crescimento econômico numa cidade de serviços
aglomerada em diversificadas iniciativas de transportes urbanos questionados.
Há vida política (essa é a palavra) no mundo do além. Estou temendo que a
política carioca não expresse mais sua vitalidade que precisa se fazer pelos
articuladores do mundo partidário e alimentando o associativismo. Um desafio
para os quadros que estariam na “jaula de ferro” do sectarismo ou do
ultraliberalismo.
Fazer a unidade do
campo democrático em si tudo é um desafio. Se te agradar: corajoso e fiel
leitor espera que tenhamos boas novas nos próximos dias. Se não te
sensibilizou, espero tenha a certeza que não lhe cobrarei pelos erros que
muitos estão a repetir com um mosaico de nomes sem dizer como é difícil aceitar
ser apenas um Cidadão Carioca. Portanto, cuidado!
👏
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