Uma Ópera pela
Democracia
Por Vagner Gomes
de Souza
A
cultura democrática é uma forma lírica de fazer oposição ao retrocesso no campo
das ideias. As manifestações culturais não estão na pauta dos programas
governamentais, pois a saída pelo “mercado” impossibilita o reconhecimento da
pluralidade. O stablishment dos meios de comunicação de massa programa um “darwinismo
cultural” no qual o “mais do mesmo” sempre é a melhor para as forças
conservadoras. Fazer a crítica ao senso
comum é a tarefa política dos ativistas no novo cenário cultural mundial. O
pensamento racional e laico está sob pressão de ideias fundamentalistas que se
contrapõe a abertura de um diálogo.
As
versões histéricas da postura autoritária tem seu marco fundante na reação
mundial ao pós – 11 de setembro sob o comando dos EUA. Em seguida, uma Guerra
foi iniciada contra o Iraque como resultado de um “Fake News” diplomático, ou
seja, a denúncia de que Saddam Husseim teria um “Kit de Armas de Destruição em
Massa”. A publicidade do medo justificou muitos meios de cultivar o ódio ao
redor do mundo ao ponto do terrorismo islâmico contribuir para iniciativas
restritivas da democracia na Europa e outros países (seria interessante
acompanharmos o debate no Congresso Nacional da nova redação da Lei de
Antiterrorismo).
A
globalização das finanças mundiais fortalece essa superestrutura conservadora
nas manifestações, mas há espaço para que as forças do campo democrático se
articulem de forma também globalizada. O reconhecimento do risco deve ser compartilhado
por todos os segmentos democráticos do mundo. A cultura precisa ser sempre a
força da liberdade e enfrentar as forças do autoritarismo requer unidade.
Portanto, o filme “Bohemian Rhapsody” vai além de ser um marco na cinebiografia
como sugere uma leitura atenta da letra da música que dá título ao filme.
Rami Malek interpreta Freddie Mercury
Destacamos
esses versos: “Eu sou apenas um pobre garoto e ninguém me ama/Ele é só um pobre
garoto de uma família pobre/Poupe sua vida, desta monstruosidade” (“Bohemian
Rhapsody”). E verificamos que o filme é uma verdadeira ópera para refletir
esses tempos em que o voto de ódio está alimentado pelo desamor e revanchismo
social das classes dominantes contra os serviços públicos. Freddie Mercury fez
carreira no contexto da unidade na banda Queen em tempos de ensaios do
neoliberalismo na cultura anglo-saxônica (Inglaterra e EUA). Um jovem imigrante
que tinha uma aparência muito apropriada para sofrer “Bullyng”. Além disso, a
sua vida privada foi assediada pela chamada imprensa sensacionalista por causa
de sua sexualidade.
O
filme faz uma narrativa que condenaria o hegemonismo e protagonismo. Assim, as
forças democráticas no Brasil e no mundo recebem um convite para que sejamos
mais modestos em nossas escolhas. As mobilizações democráticas para o futuro
devem se alimentar de um compromisso com os círculos culturais junto com a
juventude pela democracia. Além disso, é urgente a globalização da luta pela
defesa da democracia com a convocatória de um Fórum Democrático Mundial com
eventos culturais que poderiam ter sua primeira edição na cidade do Rio de
Janeiro.
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