quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A "mosca azul" carioca

Do esgoto sem tratamento do Complexo Alemão há a hipótese de uma rota de fuga de centenas de traficantes do Comando Vermelho. Algo, que se confirmado, demonstra os elementos surreais do cotidiano carioca. Nem o Capitão Nascimento poderia imaginar tamanho infortúnio numa operação policial. Entretanto, os lances do acaso na política que são variados e nem sempre eles são bem sucedidos, pois uma “mosca azul” do citado esgoto deve ter pousado na mesa do Governador do Rio de Janeiro. Os ventos da “fantástica” derrota do crime organizado (com grande silêncio da mídia sobre “jogo do bicho”, “lavagem de dinheiro”, “prostituição infantil”, “grupos paramilitares, etc.) sinalizariam para um projeto político muito maior para o reeleito governante do Rio de Janeiro. Diante das incertezas sucessórias de 2014 quanto os passos políticos do atual Presidente em fim de mandato, nada impediria a função de “Coringa” na vaga da Vice-presidência como ponte para outros vôos políticos. Do Jaburu ao Planalto há uma longa caminhada. Do Palácio da Guanabara até o Palácio Jaburu há um caminho que se constrói desde sempre apostando nos índices da “fortuna” ao seu favor.

Assim, o encontro de Sérgio Cabral Filho com a Presidente Eleita Dilma foi muito mais do que um diálogo sobre pontos operacionais da Operação Militar na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Seu apoio político atinge índices superiores a 85%, o que se assemelha a aprovação dos Republicanos norte-americanos na intervenção militar no Afeganistão e no Iraque. Diante dos bombardeios da mídia, a economia norte-americana caminhava para uma crise. Hoje a “mosca azul” do Governador não lhe fez impedir a derrota na votação da Partilha dos Royalties. As manchetes da imprensa em silêncio sobre esse revés do Pré-Sal. Afinal, o governador negociava seu futuro político com a inoportuna indicação de Sergio Cortes ao Ministério da Saúde. A saúde mereceria um nome com exemplos de conquistas na rede pública de saúde, porém a lotação dos hospitais estaduais não representam uma luta contra o “crime organizado” da máfia da saúde.

Tudo caminhava para uma indicação a ser confirmada, pois a oposição fluminense ao Governador do Rio de Janeiro passa por um discurso evasivo e contraditório diante de uma disputa na ALERJ que se dará entre os quadros do PMDB estadual. Enfim, a “mosca azul” já teria condições de bater suas asas e começar seus possíveis vôos na provável captação de recursos políticos e financeiros para lançar Sergio Cabral Filho ao cenário político nacional. Contudo, a raposa da política não se deixa levar pela sorte e impõe que todo movimento político no PMDB deve seguir um rito como nos velhos tempos do PSD do pré-1964. Uma reunião da bancada de Deputados Federais do partido de Michel Temer definiu que a “cota” da Saúde, caso seja confirmada, seria a cota pessoal da Presidente Eleita. Recuos e delimitações. O governador recebeu o recado de não deixar seus desejos eleitorais irem além sem “beijar a mão” das raposas. Uma lição de política para aqueles que julgam incapazes de fazer oposição ao “neochaguismo”.

Um comentário:

  1. Bom Post. Consistente quando mostra a diferença entre Política e a marketagem explícita em que se joga o Governador Cabral.
    O caso Sérgio Côrtes foi um exemplo clássico do "Malandro Demais": pisou na boca da calça e caiu sentado na lama.

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