segunda-feira, 25 de março de 2024

ESPECIAL - 1964/2024 - NÚMERO 01

1964: seis décadas depois

John Lennon

  

Ao optar pelo silêncio oficial, sobre uma reflexão dos 60 anos da ditadura militar ou cívico-militar, sobrou para os autores políticos, formadores de opinião, especialistas no mundo universitário, estudantes, seja lá quem for, é de suma importância falar sobre 1964. É de se assustar pelo tal silêncio, do Governo com disposição para se desalinhar no anacronismo histórico no uso da expressão do Holocausto na acertada crítica a ausência de um cessar fogo nos conflitos em Gaza que está a tirar vidas de inocentes.

O silêncio é uma perda de oportunidade para expor aos mais jovens o que foi essa época dura, aonde a censura, autoritarismo reinava. A ausência da memória da História é um ponto que desafia a nossa Democracia. Como explicar a um jovem, que com o seu celular, tem total liberdade, para opinar, fazer perguntas, pesquisar, e se expressar, o que de fato rolou em 64?

Para os nascidos nos anos 90 já é de grande dificuldade tal assunto, quem dirá para essa geração que nasceu no berço da tecnologia. Porém a história está aí, não tem como fugir. Esses jovens que viram o que foi 2022 estão reféns de uma polarização avaliam o passado com linhas tortuosas.

O que deixou marcado para a história brasileira nesses anos turbulentos, foram as práticas de torturas, mortes, perseguição, opressão, mas outras marcas não se apagam, a geração artísticas, a própria Igreja, estudantes, imprensa, intelectuais, entre outros, fizeram uma pressão para as Diretas já, deixando um legado que hoje se pode ter essa liberdade.

Tanto em 1964 quanto em 2022 houve uma presença de setores religiosos favorável a uma ditadura, ou seja, sair da trilha democrática para reintroduzir os passos conservadores. Contudo, muitos se arrependeram por apoiar o Golpe 64 uma vez que as forças conservadoras se distanciam das forças reacionárias. Observo, o mesmo fenômeno na atualidade aonde muitos se desligando da polarização, porém não encontrando acolhida nas forças centristas por inúmeros motivos.

Portanto, as lições dos tempos contemporâneos, fazendo um paralelo entre os 21 anos de Ditadura Militar e os tempos atuais, é que para se construir uma Frente que se encaixam todos que está disposto a virar essa página de anos turbulentos, isso inclui todas as alas, seja os conservadores em suas diversas matrizes, a direita democrática, os setores empresariais, que fogem de um radicalismo, que muitos abraçaram a necessidade de uma estabilidade política sem a necessidade de uma “política do espetáculo”. Caso não faça uma reflexão do passado, a derrocada da Democracia é logo ali. Temos os sinais das forças obscuras rodeiam a Democracia. Testemunhamos o retorno do Trumpismo nos EUA com o eleitorado hispânico e negro omisso ou aderindo e a Argentina com Milei apresenta índices de aprovação acima de 50%.

E com tal polarização, não ganhamos nada, só a radicalização que ganha espaço, dado que a antipolítica é um argumento que se pega e espalha rápido, há sempre um fantasma a ser enfrentado, e o nosso é a Ditadura Militar, que tem que ser sempre lembrado, como anos turbulentos.

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