A
Frente Democrática tem que continuar
Em memória de
Rita Lee
Por Vagner Gomes
de Souza
Há uma hipótese
otimista que nossa preferência musical pelo samba em comparação com as
movimentações do Tango nos afastou de muitas soluções finais na prática da
política. O sambar no pé espanta a tristeza ou se é doente da cabeça ou doente
do pé escreveu a sabedoria nacional popular. Assim o repertório do Show “Samba
de Maria” em turnê feita pela cantora Maria Rita nos faz melhor refletir sobre
os descaminhos dessa transição democrática de novo tipo ao qual se impôs na
política brasileira. Em memória a Aldir Blanc e Elis Regina, a força de O
Bêbado e a Equilibrista nos ensina que a política da Frente Democrática precisa
continuar e até aprofundar.
Os valores da República
e da Democracia foram atingidos em um mandato presidencial através da
mobilização da sociedade brasileira pelas redes sociais, o que construiu uma
hegemonia antissistema que acompanha uma onda política internacional. Olhai
para os resultados políticos na Europa ou olhai para os políticos que emergem
na América do Norte. Considerem os ventos de quaresma na América Central ou se
previnam com as armadilhas que nos rondam na América do Sul. Vivemos tempos
assustadores diante da autocracia feita pelas multidões de eleitores que votam
em desqualificar e colocar sob ameaça a Democracia.
O uso de metodologias
de avaliação da dinâmica do Congresso Nacional estariam defasadas ao se
comparar com duas décadas atrás. Não temos mais os atores partidários em exercício
pleno na política. O individualismo da sociedade nos faz perceber “Blocos”
políticos que articulam interesses individuais de parlamentares. O “afunilamento”
da cláusula de desempenho dos Partidos Políticos na redução das legendas tem
reforçado os mandatos individuais de parlamentares encastelados no mundo
digital.
Não há debate programático diante de um
mosaico em busca da lacração e dos “likes”. Não há uma educação da política
democrática e muito mais se aprofunda esses problemas diante da baixa qualidade
educacional da sociedade e de muita militância. A formação política é feita
como se fosse um “reality show” de seguidos “paredões” eliminatórios de adversários,
portanto sempre se tem a impressão de estar num ambiente polarizado. Todavia se
alimenta uma dinâmica de “jogo político” aonde os analistas de conjuntura
seriam aves raras a cair ao meio do grande “Coliseu da Política”.
Perdemos politicamente na
vitória eleitoral apertada no segundo turno de 2022, porém não nos parece que
se extraíram as consequências políticas dessa lição. E parece que ou se está em
2003 ou, pior, num 1968 de inovadores maoístas em busca de uma reeducação
política da militância. Não falemos de conjuntura, mas alimentemos as
narrativas e lugares de fala cercados por uma grande onda de forças políticas
retrógradas. Aplaudir dentro de uma “bolha” que possa eleger parlamentares individualizados.
Pois o importante não é formar militantes nos partidos de esquerda, mas engajar
meus seguidores nas redes sociais. Ainda dizem que seriam de uma Esquerda essa
postura fragmentada e muito apropriada para as feiras medievais. São os “Burgos”
em forma de “coletivos” e a juventude se diz militante, mas com um olhar para o
retrovisor.
Então, não se pode
permitir que as diversidades dos atores políticos do Centro sejam cobradas como
se fosse uma “máquina registradora” do supermercado da política. A refundação
política do Centro político não se faz em uma sequência de dias ou através de
Ministérios em busca de votos no Parlamento, mas por uma política de debate
programático atuante nesse momento na proposta de PLDO e nos debates do PPA.
Esse é o momento de outra vez compreender que nosso liberalismo político sempre
esteve no seu lugar. Contudo, ainda nos sentimos num andar por um deserto a
procura da Terra Prometida.
Ótima reflexão! Acho que estamos bem pior do que em 2003. O psdb não despertava a demência nas pessoas como o "bolsonarismo" desperta e alimenta.
ResponderExcluirConcordo
ExcluirEXCELENTE
ResponderExcluirMuito bom
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