O
Bicentenário da Representatividade Feminina no Brasil e algumas reflexões
contemporâneas
Em memória de Zuleika
Alambert em seu centenário
Mila Pimentel de
Souza Aranda André
De longa data as
mulheres já estariam presentes no processo de formação da nacionalidade
brasileira. A historiografia nas últimas décadas tem resgatado a lembrança de
que no dia 2 de setembro de 1822 a Presidente Interina do Conselho de
Ministros, a Princesa Regente Maria Leopoldina, assinou um Decreto em que o
Brasil estaria separado definitivamente de Portugal. Faltaria a sanção do
Príncipe Regente Pedro. Portanto a Princesa enviou uma carta anterior ao esposo
manifestando seu desejo pela emancipação. Foi esse um dos fatores decisivos
para que o “Grito do Ipiranga” fosse o “lugar de fala” de uma mulher. Os laços
da emancipação feminina estão entrelaçados ao Brasil desde seus primeiros
passos e não poderíamos deixar de mencionar a curiosa coincidência de estar à
futura Imperatriz grávida de uma menina.
Na luta pela garantia
da emancipação através da expulsão das tropas portuguesas da Bahia que veio a
ocorrer em 2 de julho de 1823 se destacaram três mulheres. Houve um estopim de
revolta popular contra o General Madeira de Melo já em fevereiro do ano
anterior, pois a abadessa Joana Angélica foi morta na entrada do Convento da
Lapa ao tentar impedir uma invasão daquele recinto por tropas portuguesas em
busca de possíveis armamentos de insurgentes. Diante desse exemplo de
indignação popular, assim como outros, se percebe uma Independência que teve
muito a participação das camadas populares. Afinal, a história da negra Maria
Felipa se tornou conhecida graças ao historiador Ubaldo Osório, avô do escritor
João Ubaldo Ribeiro, e perceberemos como a sedução feminina foi uma “arma” na
luta contra os portugueses. A negra da Ilha de Itaparica liderava um grupo de
aproximadamente 200 pessoas cujo grande feito foi ter queimado 40 embarcações
portuguesas próximas à ilha.
Maria Felipa
Por fim, a luta de Maria Quitéria vestida como um soldado é um capítulo que mereceria um filme. Ela foi o Soldado Medeiros e se destacou pela bravura e coragem nos combates da Ilha da Maré e na Barra do Paraguaçu além de ações em Salvador. Recebeu as honras de Primero Cadete do General Labatut e recebeu a condecoração da Imperial Ordem do Cruzeiro por parte de D. Pedro I. Ela foi o símbolo do Movimento Feminino ela Anistia, criado em 1975, e atualmente como Patronesse do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro sua imagem deve estar presente em todos os quartéis.
Maria Quitéria
Essas lembranças
contribuem para as reflexões contemporâneas do movimento de mulheres na busca
de uma melhor representatividade política dentro dos marcos republicano e
democrático. A segregação invertida do gênero masculino nunca foi
característica desse movimento como nos demonstrou a luta pelo divórcio.
Lembremos que a divorcista Anita Carrijo defendia conquistar pela opinião os
políticos e homens públicos, pois “é preciso dar o seu apoio ao movimento
divorcista publicamente, sem receio de ofenderem seus princípios religiosos, já
que os mesmos não nos dão, em caso de infelicidade no matrimônio, nenhuma
solução moral compatível com a realidade da vida”. Como bons ouvintes, muitos
homens assumiram a pauta das mulheres como ocorreu na apresentação do primeiro
projeto de Lei de Divórcio feita pelo então Deputado Nelson Carneiro em 1951
que também apresentou um projeto que igualava a mulher casada ao marido num
casamento.
Anita Carrijo
Nesse sentido, a
representatividade política feminina se faz pela conquista na política das
reinvindicações das mulheres em amplos cenários da sociedade. Um movimento que
ganha mais força na universalização de seus segmentos e de seus aliados. O
artificialismo jurídico não contribui para que haja a sedimentação da opinião
favorável de temas afeitos a mulher vide as recentes omissões do Ministério da Mulher,
da Família e dos Direitos Humanos. Portanto, um movimento ganha espaço e
hegemonia com uma melhor formação e esclarecimento para a sociedade de suas
propostas de mudanças.
Sensacional. Por mais mulheres nos espaços de poder. Elas por elas!
ResponderExcluirPor mais mulheres assim no nosso país, mulheres que não temem a homem e sabe a hora de comandar, e mandar, mulheres inteligentes, daria um filme bom, para a representatividade das mulheres em todos os países
ResponderExcluirAdorei o artigo, pois é excelente para conhecermos melhor a história!
ResponderExcluirMuito bom
ResponderExcluirBacana demais trazer o retrato histórico da representatividade feminina. Continuemos na luta!! Nossa participação nos próximos passos é indispensável.
ResponderExcluirDe grande importância relembramos o quanto é importante essa representatividade feminina no nosso passado, presente e claro futuro.
ResponderExcluirEssa articulação progressista através
ResponderExcluirdo engajamento feminino ratifica a brilhante participação das mulheres na história do nosso país.
Obrigado pela "aula"!
Sensacional!
ResponderExcluirArtigo de grande valia, um banho de conhecimento e principalmente um grande reconhecimento da representatividade da Mulher dentro da nossa história... que continuemos nos fortalecendo para deixarmos um lindo legado as próximas gerações e principalmente as nossas filhas !
ResponderExcluirParabéns Mila pelo texto!
Excelente artigo mostrando a importância da participação da mulher em inúmeros e marcantes momentos da nossa história. Conteúdo bastante rico em informações, parabéns!
ResponderExcluirMuito bom! Com artigos assim podemos retratar cada vez mais a representatividade feminina em nossa sociedade.
ResponderExcluirNão tenho dúvidas da participação feminina na construção da história, sempre lutamos por nossos ideais, pelo que acreditamos, me sinto muito bem representada pelas citadas e pela que escreveu o artigo. Parabéns Mila!
ResponderExcluirSensacional!!
ResponderExcluirE viva as mulheres que lutam por seus direitos . Guerreiras sempre.
ResponderExcluirSensacional 👏👏👏
ResponderExcluirÉ bom relembrar esses grandiosos fatos na nossa história...
Maravilhoso! Excelente texto demonstrando a importância e participação relevante da mulher na historia. Por mais textos assim.... Parabens!
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