Sem terra prometida
Ricardo José de Azevedo Marinho[1]
Às vésperas de tomar posse na Academia Brasileira
de Letras, Fernanda Montenegro ofereceu uma longa entrevista à Revista Ela. Num
dado momento a entrevistadora pergunta: segundo Míriam Leitão, “Vivemos uma
tragédia grega. Seis milhões de pessoas mortas no mundo por uma doença da qual
o presidente do Brasil debochou. Vemos um ditador matando um povo diante de
nossos olhos, E a cultura sendo tratada como se fosse coisa de marginais. É
hora de ouvir dona Fernanda”.
Não é possível descrever como ela respondeu, mas
está escrito que: Quando a Segunda Guerra acabou, eu tinha 15 anos. Veio a
esperança da construtividade. Hoje, vejo que era um arrebatamento romântico.
Mas chegamos a isso... Então, hoje a esperança, mais do que nunca, tem que ser
ativa. Estamos com esse trágico governo, um presidente que faz como símbolo da
sua atividade presidencial uma mão (faz o gesto de Jair Bolsonaro) que é uma
arma ou o sexo de um homem. É um emblema sórdido. Agora, esse homem só está no
poder porque todos os governos que o precederam, embora mais simpáticos, mais
democratas, não fizeram o suficiente. Dou como exemplo as favelas. É uma
herança. Por que não tiraram esse homem do poder? A carência social não deveria
estar tão potente.
Este ano e os próximos e muito além, o principal
desafio será gerir a pandemia de Covid-19 e as suas consequências. Para isso
seria preciso responder dona Fernanda dizendo o que é suficiente e de como sair
da crise, enfrentar o aumento do desemprego, as falências, como promover a
recuperação económica e gerir a dívida privada e pública: estas questões serão
manchetes e estarão no fulcro das questões políticas.
Apesar de toda a importância destes desafios
dramatizados no curto prazo, as dificuldades que antecedem a Covid-19 continuam
e muitas vezes até foram agravadas pela pandemia. É por isso que, quanto antes
nos debruçarmos e analisarmos essas questões que são grandes desafios a serem
enfrentados, entre tantos outros.
Responder aos desafios globais enfrentados por
nossas sociedades exige novas abordagens analíticas e o surgimento de novas
ideias, especialmente após a crise global da saúde.
Como são muitos os desafios, pensemos de saída em
três de grande impacto: mudança demográfica e climática e desigualdade
econômica. No quesito das mudanças climáticas não resta dúvida que é hora de
agir. O trabalho do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)
destacou o papel das nossas atividades nas mudanças climáticas e a importância
de agir agora para limitar o aumento das temperaturas a pelo menos 2 graus
Celsius em comparação com a era pré-industrial (antes da segunda metade do
século XVIII). Com este objetivo em mente, e após a assinatura do Acordo de
Paris em 2015 e a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de
2021 (COP 26), é preciso que o Brasil estabeleça o objetivo de ser neutra em
carbono até 2050. Se nos comprometermos hoje com essa política e estabelecer
metas claras e credíveis, o Brasil pode vir a recuperar seu papel de liderança
na ação climática internacional. Para tanto se faz necessário apresentar uma
estrutura analítica e propostas para acelerar o alcance desse objetivo.
A desigualdade e insegurança econômica impõem
medidas para uma economia inclusiva. Proteção social, redistribuição fiscal e
social justa e eficiente. Mesmo que o Brasil esteja em uma posição melhor do
que a maioria dos outros países da América Latina, para garantir que a economia
beneficie o maior número possível de pessoas e seja distribuído de forma justa,
o Brasil deve atuar em várias frentes e em diferentes estágios da vida das
pessoas.
Por fim, enfrentar a mudança demográfica urge:
envelhecimento, seguridade, saúde e imigração. Envelhecer implica encontrar um
equilíbrio justo e eficiente entre os períodos de emprego (coisa que não está
no horizonte) e de aposentadoria. Para isso, é necessário dotar de modernidade
o sistema previdenciário, mas também apoiar os idosos nas suas atividades. Isso
inclui o fortalecimento da formação profissional e a prevenção e tratamento de
doenças crônicas. Para se fizer tudo isso, precisamos examinar os fatos e o seu
tamanho antes de elaborar uma série de recomendações concretas.
Tudo isso e muito mais é um nó de marinheiro tanto
em política como em economia e não só. 2022 deve ser a hora de se discutir como
desatá-lo. Teremos que nos arriscar nessa tarefa, para ver como conseguimos
afrouxar o aperto excruciante que ele exerce e, quiçá, sem esquecer o risco de deixá-lo
ainda mais ajustado.
15 de abril de 2022
Hum... A opção é clara. O ex presidente Lula GOVERNOU 8 ANOS sob essas premissas. O atual foi anti científico, anti ambientalista, anti inclusivo, misógino e mais mentiroso que Pinochio no Cio.
ResponderExcluir1
#LulaNoPrimeiroTurno
Qual a política para idosos nos 8 anos? Quem fez a reforma da previdência foi ele! Menos messianismo e mais proposições Wellington!
ExcluirO atual governo é, em outras palavras, apenas mais uma representação do quanto a educação, a informação, o conhecimento e o senso critico são importantes e necessários em nossa sociedade. Já que fomos nós(o povo) que elegemos um presidente que faz saudação a um torturador(ex-chefe do DOI-CODI) da ditadura militar Carlos Alberto Brilhante Ustra
ResponderExcluirEnquanto não tivermos educação de qualidade para todos, corremos o risco de eleger outros presidentes como o atual.
ResponderExcluirDona Fernanda, vive em sua bolha privilegiada e nao notou os avancos que o país teve nos governos do Presidente Lila, ele botou o povo para comer, estudar, nissa auto estima cresceu, foi um salto de qualidade de vida para todos, embora sigamos tendo muitos problemas, agora de forma bem mais grave.
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