Por um ensino republicano e democrático
Pacelli H.
S. Lopes
Uma
educação pela pedra: por lições;
para
aprender da pedra, frequentá-la;
captar sua
voz inenfática, impessoal
(pela de
dicção ela começa as aulas).
A lição de
moral, sua resistência fria
ao que
flui e a fluir, a ser maleada;
a de
poética, sua carnadura concreta;
a de
economia, seu adensar-se compacta:
lições da
pedra (de fora para dentro,
cartilha
muda), para quem soletrá-la.
In: MELO NETO, João Cabral de. Obra
completa: volume único. Org. Marly de Oliveira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1994. p.338. (Biblioteca luso-brasileira). Série brasileira.
Como
as escolas podem operar frente aos desencantos democráticos e republicanos? Não
é nenhuma novidade, que desde meados da segunda metade do século XX vemos
nossas democracias e repúblicas entrarem em ruínas, essas não conseguiram
cumprir tudo que prometeram no pós-guerra.
A
princípio precisamos nos perguntar: por que morreu? Como morreu? E de que forma
morreu? Entendendo melhor o óbito, quem sabe não poderemos construir uma nova
organização do que fazer para um renascer da aprendizagem. Frente a isso, como
educador e educadoras, como gestores e gestoras escolares, devemos usar as microescalas
de observação e análise da nossa prática diária sobre o dia a dia das escolas,
pois acreditamos que nos pequenos detalhes das poucas coerências e das muitas incoerências
poderemos encontrar valiosas pistas para as mudanças.
Construímos
nas nossas práticas diárias a busca por uma educação na e para a democracia e a
república. Com isso, buscamos nos provocar: quando e quais das nossas ações
diárias no chão da escola contribuem para a civilidade democrática e
republicana? Quando falamos em frentes amplas e democráticas para o futuro da
política entre nós será que fazemos isso no dia a dia das escolas? Será que nos
revoltamos de tamanha maneira contra os descalabros dos governos da mesma
maneira quando os colegiados escolares são engolidos pelas sanhas autoritárias
dos diretores e diretoras? Será que ficamos indignados com a ausência de
dispositivos democráticos como grêmios estudantis e assembleias de alunas e alunos
em nossas escolas? Será que conhecemos e lutamos pela implantação e aprimoramento
permanente dos Projetos Políticos Pedagógicos das escolas?
De
forma científica e ética, buscarmos operar na realidade com o objetivo e valores
claramente democráticos. Não tenhamos a pretensão de dizer que já temos
condições de parir o novo, porém, lutemos para construir nas nossas práxis uma
escola de bases republicanas.
Para
isso, buscamos dialogar com todos os setores da comunidade em busca dos seus
valores, filosofias e sonhos para se construir um Projeto Político Pedagógico exequível
e real. Depois fortalecemos e possibilitemos a autonomia aos grêmios estudantis
e aos colegiados escolares. Criarmos redes com setores políticos, sociais e
econômicos dialogando com diferentes correntes políticas que permitam trazer o
melhor para a escola.
Dentre
tudo que fazemos algo parece ser a pedra angular para a construção de uma
cultura democrática e republicana: a percepção palpável de que sozinhos nada
podemos fazer, nem mudar a nós mesmo. É necessário irmos aos diálogos para com
todos e todas aquelas que queiram ensinar e aprender. E nós todos, o que fazemos
na prática cotidiana que possibilita reforçar a república e a democracia?
Professor Paceli, a crise está em que precisando parir o novo, se ainda não está pronto, sofremos estados de parto... a de nascer!!!
ResponderExcluirParabéns pela iniciativa, belo trabalho. É um momento de muita reflexão, e um resnascer, reconstruir
ResponderExcluirParabéns, muito compactante e uma bela reflexão, juntos podemos mais...
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirObrigada por partilhar suas reflexões!
ResponderExcluir"Que pensar de uma educação que admite o escândalo de um povo marginalizado e imerso na passividade?"