O SALTO DO SAPO PARA O CENTRO POLÍTICO?
Por Vagner Gomes de Souza
Um escritor e diplomata escreveu certa vez que o sapo pula não por boniteza mas por necessidade. Na política estamos reféns dos erros de uma fratura da política no qual a "Lava Jato" foi sua fonte. O centro político foi cooptado por uma "facção" da burguesia retrógrada com um discurso anti-sistema. Personagens do fundo pantanoso de nossa política emergiram como se estivessem acelerar o atraso sem se importar para as desigualdades sociais. Segmentos da sociedade emergiram com a proliferação de uma vertente liberal americanizada no seu fundamentalismo religioso e de costumes. Seja à Direita como também à Esquerda pós-moderna. Uma falsa polarização pois tudo se resume em ocupar um espaço no mercado das escolhas individuais. O empreendedorismo militante das redes sociais de cada dia em poucos momentos se referem a necessidade de superar a pobreza através dos valores da República. Uma agenda de liberalismo pelos usos do Hobbes entranhados numa exposição de um país que necessita um afastamento dos "lobos" à margem da globalização. Uma sociedade de ressentidos se formou pois venderam a ilusão de uma "nova classe média" como se essa fosse formada pelo perfil de seu consumo. Mais mercado e menos democracia foi um "vírus" que alimentou muitas variantes a mediada que a economia se foi deslocando da política.
Sem o sentido da República o liberalismo no Brasil se perverteu num mosaico de segmentos e pautas para além das bases dos trabalhadores. O neoliberalismo subiu a partir das bases da sociedade diante do esvaziamento do centro político por falta de ação do campo democrático. O Campo Democrático com uma agenda social e transformadora que inseriu esse país num longo ciclo de crescimento social. A imagem da derrota da Copa do Mundo em 1950 é a melhor metáfora que não se pode desistir de se fazer cumprir uma necessidade da humanidade. Qual seria? A humanidade precisa de nosso país como o ponto de equilíbrio nas relações internacionais. Entre 1950 e 1958 houve o tiro no coração de um Presidente acusado de crimes de responsabilidade e corrupção em 1954. Há sempre bons exemplos em nosso história para que se perceba nossa capacidade de invenção política. Sempre avançamos em benefício de todas e todos através de uma ampla frente política. Os mais "fechados" poderiam questionar a ausência de ganhos maiores, porém nunca citam exemplos dos ganhos de suas vias sectárias.
Então, a pandemia emergiu em nosso planeta num momento em que muitas lideranças críticas da democracia se posicionavam na chefia de Governos como foi a experiência de Donald Trump nos EUA. Lá se percebeu que a derrota dessa americanização pervertida do ressentimento social exigiria a busca da moderação. Em nosso país, o Parlamento voltou a ser um espaço do debate da política que muito bem reflete o perfil de nossa população. Não foi omisso no debate do Auxílio Emergencial no ano passado e não se curvou para as tentações de rasgar as conquistas sociais da Educação e da Saúde presentes na proposta de Paulo Guedes na PEC 186. Todavia a oposição ao Governo Federal passa por um longo período de "apagão político" diante a postura eleitoreira do debate colocado até por setores do mercado. A calamidade da saúde está presente a cada dia nos números de óbitos e novos contaminados. A calamidade do desemprego está presente na falta de investimentos públicos. O "teto de gastos" caiu sob as cabeças dos mais pobres empurrando muitos para baixo dos limites da miséria.
Foi nesse momento que o ex-Presidente Lula convocou uma coletiva a Nação para se pronunciar sobre diversos pontos. Todavia, o principal em seu discurso foi o tom que negou o ressentimento e a abertura para o diálogo com todas as forças políticas nos quais receberam a confiança do eleitor brasileiro. O discurso foi para além das fronteiras de um Partido pois se pautou pela necessidade de buscar uma saída democrática para esse momento. Não se deve antecipar futuras posturas eleitorais, mas exigir que haja um avanço na articulação do entendimento nacional que isole as forças questionadoras da Ciência e da Democracia. Devemos pressionar para que um programa comece a se desenhar articulado por uma Frente.
Belo artigo. Otmista, para este tempo difícil temos que trabalhar para para que se realize ezta politica.
ResponderExcluirÓtima análise, professor. Se me permite um adendo, o discurso de Lula, apaziguador e um tanto quanto demagógico, ressoou de forma positiva perante seus pares e até mesmo antibolsonaristas. Se, por um lado, o atual estado de inocência do Presidente Lula é uma nuance de caráter processual (pelo menos na origem), por outro emerge das cinzas um ator político que goza do apoio das massas.
ResponderExcluirEu creditaria o certo sucesso do discurso mais à total incapacidade política do atual presidente. A fala que contém elementos como uso de máscaras, renda básica durante o isolamento, valorização da ciência e cuidado com a vida é receita certa para o "anti cancelamento" em tempos de pandemia.
Torçamos, como o Sr disse, pelo isolamento de atores contrários à Democracia e que a cadela do fascismo, sempre no cio, encontre a castração merecida. Um abraço!
Arguta análise.
ResponderExcluirNesses momentos difíceis temos que ter um pouco de otimismo, cabe a defesa de uma frente para tirar o atraso!
ResponderExcluirSó com diálogo e um programa de governo para começarmos do 0.
Excelente artigo, professor. Otimismo não vale de nada sem uma análise clara da realidade.
ResponderExcluirUm pouco de esperança em tempos sombrios.
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