O Tempo, a Disciplina e o Ator na Política
Dedico esse artigo a memória de Daniel Azulay e Moraes Moreira
Por Vagner Gomes de Souza
"Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência"
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência"
Paciência - Lenine
Uma "quarentena" que se alonga por mais de quarenta dias é um desafio para uma sociedade que nasceu sob a égide da cultura renascentismo. O liberalismo sempre esteve dúbio em nossa sociedade a medida que dialogava com as práticas autoritárias. O tempo ganha cada vez mais uma exigência na observação dos fatos que nos apresentam. A Pandemia está impondo que uma grande parcela da nossa geração tenha que lidar com os limites. Estamos enfrentando uma mudança que abre o cenário mundial para uma profunda crise sistêmica. As alternativas que se avizinham não são as melhores para aqueles que defendem o pensamento democrático uma vez que a integração mundial está sendo questionada pela velocidade com o qual o "vírus" se espalhou.
O mercado deseja que tudo caminhe como antes desde que a sociedade seja mais controlada por uma intervenção estatal na sociedade. Nosso tempo na política precisa de uma vocação para que a juventude pense os horizontes do futuro de uma forma que imponha uma disciplina para que a ciência não seja mais deixada em segundo plano assim como a participação política. Assim, a lição de um pensador Sardo (Gramsci) sobre a obediência de uma disciplina pela hierarquia como forma de saber enfrentar uma disciplina sem autonomia. O exercício consensual da disciplina precisa ser uma tarefa das instituições juvenis para pensar os novos tempos. Porém, temos os indicadores de uma juventude alheia a buscar as lições da memória nas sugestões de Walter Benjamin.
Houve um "balão de ensaio" na referência aos "Campos de Concentração" e na proposta de um Prefeito em colocar idosos moradores das favelas em hotéis (afastados de seus familiares) concentrados, o que é questionado por especialistas uma vez que os dados europeus sugerem que a concentração da população mais vulnerável ao "vírus" simplesmente aumenta o perigo da letalidade. O "ovo da serpente" está sendo chocado apesar de muitos atores políticos do campo democrático se deixar levar pela narrativa pautada pelos "negacionistas" da ciência. Nunca podemos esquecer que quanto pior sempre será pior para as classes subalternas. Portanto, esse é tempo de se manter disciplinado no discurso da solidariedade e compaixão.
Há a ausência de uma ator para alinhar as forças democráticas pelo mundo. Não temos mais uma visão que deixa conduzir pelas orientações políticas nacionais em ligação com o cenário mundial. A Espanha é uma referência distante de "A Casa de Papel" para muitos jovens. A Itália seria onde deveria estar jogando o jovem promissor Vinícius Junior. A juventude precisa sentar diante de seus aparelhos de smartphone para enfrentar esse vazio da política democrática que impõe uma revisão sobre o que foi a opção política de 2018. A explosão do sistema político brasileiro e de tantos outros países cobra uma necessidade de reagrupamento com setores liberais progressistas, grupos democratas do cristianismo e as vertentes do socialismo com seus valores humanos e democráticos.
A lição é árdua assim como se manter no "casulo" das residências produzindo com textos, opiniões e leituras. Não podemos ter espaço para mais fragmentação pois o peso das mãos de Hobbes está ao nosso redor. Um mar de possibilidade precisam ser construídas para que as vidas sejam poupadas diante dos limites de atendimento do Sistema Unificado de Saúde. Usem as redes sociais para dialogar e intervir pelo bem comum. O ator vai surgir pois é uma necessidade para enfrentar essa situação de falta de valores humanos. Aliás, para não deixar de mencionar de forma explícita uma indignação desse simples autor de poucos leitores, não podemos conviver com um Ministro da Economia que é restritivo nos gastos públicos nesse momento de calamidade na saúde. Sugerir o veto ao auxilio aos Estados e Municípios é o mesmo que estar pedindo que desligue os respiradores nos Hospitais para economizar luz sem pensar nas vidas. Não merecemos o cidadão que tem a foto ilustrando esse artigo. Espero que o leitor tenha compreendido o sentido de minha mensagem.
Excelente texto meu caro.
ResponderExcluirRepassando para que outros repliquem está visão, com a qual concordo.
E que passemos por isso, e contemos no futuro, para as próximas gerações, apenas uma história Ruim.
Ótimo análise de uma Plutocracia camuflada em democracia. Já sabes que todos os governantes estão sobre a pressão das grandes fortunas. Basta ver a inércia quanto a evasão fiscal no mundo e perdidamente em nosso país.
ResponderExcluirLhe aconselho a leitura de um livro dos autores Emmanuel Saez/ Gabriel Zucman.
Não sei se já houve uma tradução para o português