segunda-feira, 12 de setembro de 2016

ELEIÇÕES CARIOCAS 2016

 

A Esquerda na Encruzilhada das Eleições Cariocas

Por Vagner Gomes
 
Alessandro Molon (REDE), Jandira (PCdoB) e Marcelo Freixo (PSOL)
 
Já se faz muito distante os anos em que o Prefeito Saturnino Braga (então filiado ao PSB) decretou a falência da Prefeitura do Rio de Janeiro. Vivíamos altos índices de inflação no final da década de 80 e a pressão social era muito forte associada aos debates constituintes que inseriram novos direitos a Carta Constitucional de 1988. Foram meses de atrasos salariais e 1988 se encerrava com a eleição do candidato do PDT que migraria para o PSDB. Esse foi o desfecho de uma experiência de "centro-esquerda" na Administração Municipal que muitos do campo da esquerda faziam oposição. Uma experiência única na história eleitoral do Rio de Janeiro pós-1985 sem o devido balanço político para compreender os motivos de nunca uma candidatura da esquerda carioca ser vitoriosa para além de manifestações fortes no decorrer da campanha. Lembremos que Saturnino Braga foi eleito em tempos de eleições sem 2 Turnos, ou seja, teve uma votação próxima aos 50% dos votos válidos mas não superou esse patamar. 
 
Ao longo das eleições posteriores, o eleitor carioca sufragou candidaturas com perfil de "Centro" e com discurso de bons gestores públicos. Além disso, com a adoção do sistema de reeleição, em duas eleições o mandatário foi reeleito no Primeiro Turno (2004 - César Maia e 2012 - Eduardo Paes). E a esquerda carioca fez de tudo um pouco para não se reconhecer como força política minoritária no campo eleitoral da cidade.  Contudo, se o objetivo é vencer, só poderá ganhar para Governar o município se transitar políticamente para o "Centro" se aproximando da vertente do que foi a candidatura de Fernando Gabeira (PV - PSDB - PPS) em 2008. Há um patamar máximo eleitoral da esquerda carioca o qual verificamos nessas eleições mais uma vez, ou seja, o limite é 25% do eleitor. Portanto, nesse Primeiro Turno, as candidaturas de PSOL/PCB; PCdoB/PT; REDE/PV já se aproximam dessa faixa considerando a margem de erro. Trata-se do momento de viabilizar quem será o representante desse campo para um Segundo Turno com possibilidades de vitória.
 
Nos anos recentes, PPS, PSB, PT e PCdoB compartilharam alianças com o governismo local do PMDB sem questionar a perpetuação dos sistemas de trocas políticas nos suburbios cariocas. Deixaram o legado do chamado "lulismo" sob a hegemonia dessas forças políticas conservadoras a medida que o ativismo político do petencostalismo se consolidou. À margem da política, muitos jovens se radicalizaram e não estão ingressos no sistema da política eleitoral, o que criou mais constrangimentos para a configuração de uma política de aliança mais ampla para agremiações como o PSOL. Por outro lado, a REDE não ganhou capilaridade política na sociedade carioca pelos posicionamentos "bovaristas" da esquerda de classe média. Como se percebe, há um "dilema do prisioneiro" na mobilização pelo voto da esquerda carioca. É preciso demonstrar que é capaz de governar para além de um posicionamento ideológico. Mostrar que é possível governar para todos os cariocas é sair da da "zona de conforto"das teses esquerdistas.
 
Transitar para o "centro político" é o desafio para a esquerda carioca reforçando um programa político que lute pela radicalização das instituições democráticas já existentes. Deve-se reforçar e ampliar os mecanismos democráticos já existentes. Valorizar as eleições de Direção das Escolas Públicas sem critérios limitadores de candidaturas de educadores e abri-las aos finais de semana. Lutar pela transparência nas contas da Previdência dos Servidores municipais (PREVIRIO). Defender um Orçamento Participativo.  Falar mais em ciclovias nas periferias cariocas. São propostas de quem deseja governar para todos como essas, que farão o eleitor médio reconhecer na esquerda carioca um articulador de uma hegemonia do sentimento político democrático. Para sair da encruzilhada é necessário que a esquerda carioca faça sua mobilidade.
 
 
 


2 comentários:

  1. Vagner, achei bem interessante a sua análise e comentários. Parece-me,por outro lado, que a chamada esquerda tem tido uma atuação com muitos equívocos nas áreas populares ; quase sempre doutrinarista e impositiva ( autoritária).É preciso que o professor aprenda também com o aluno. Abs

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  2. A esquerda carioca não se coloca como uma oposição de frente dialogando com o centro. Jandir nacionaliza a eleição e é linha auxiliar do PT. Molon é o catolicismo da Rerum Novarum com a ironia de Chico Alencar. Freixo se perde na negação dos adversários e prefere bater no representante da máquina municipal numa composição surda com o Engenheiro Crivella supondo que vá para o segundo turno. Isso pode permitir a ascensão de Pedro Paulo e vivermos o que já aconteceu há anos na França.

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