A Previsível Derrota de Obama
Ricardo José de Azevedo Marinho*
A resposta eleitoral das pessoas, brancas e negras, hispânicas e asiáticas, entre tantas de tantos outros lugares, etnias e raças, por causa da pífia gestão de Barack Hussein Obama como 44º Presidente dos Estados Unidos da América é aprova mais eloqüente da fraqueza de sua política. A história da gestão Obama era para ter sido mais uma história revolucionária que começaria no momento em que ele convocou para inspirar o seu governo à revolução dos Fundadores e com eles passar pelas outras revoluções da trajetória norte-americana como a Reconstrução e o New Deal no intuito de abolir as injustiças hodiernas com a força do constitucionalismo popular que a história da sua democracia fez possibilidade.Mas, ao contrário, caminhou em dois senderos tradicionais e que sempre se cruzam: o do status quo e o dos costumes morais e civis (o common law). Ou seja: a esperança que ele havia angariado para as políticas democráticas teve e têm inimigos encarniçados dentro do seu governo e, ao que tudo indica, ele mesmo feneceu diante dessas forças. E todos aqueles que interpretarem a derrota de Obama como um sinal da força da cultura política liberal compreenderam bem as lições de Tocqueville sobre a América do Norte e a sua democracia.
A derrota de Obama é um sinal desta questão, mas não a sua conclusão ou o seu fim. Desde 2008 aquela sociedade bem como outras do mesmo naipe estão dilaceradas pela questão liberal (que, certamente, não é nova). Una o status quo e o common law e as suas mais diversas interpretações. E por trás destas diversas interpretações se oculta à aspiração política e ideológica liberal. Obama obteve uma ampla derrota e ela foi quase unânime. É o primeiro presidente da história dos EUA a obter uma derrota legislativa e estadual de proporções gigantescas e, o que é pior, previsível.
Obama representa agora uma viagem ao mesmo lugar onde o otimismo da vontade se encontra esmaecido. Hoje o pessimismo e a condição de mal-estar que engendraram a vitória do Partido Republicano se tornam preocupante porque ele e o Tea Party foram capazes de carrear para si esse espírito liberal-conservador que se amplia rapidamente. Daí Obama ser o sinal da impotência diante da crise de 2008 e seus desdobramentos até aqui. E mais: os democratas que conquistaram a Virgínia, onde começou a Guerra Civil, além de ser o estado de Thomas Jefferson, o pai espiritual da razão iluminista, o fizeram em oposição a Obama. E Obama que vem de Illinois, o estado de Abraham Lincoln, viu uma das preciosas cadeiras do Senado transitar dos Democratas para os Republicanos.
O sonho norte-americano da recuperação do estrago de 2008 e o tãodesejado soerguimento não se materializaram com Obama. O ethos da cultura liberal está todo ai. Os vendedores de ilusão estão de volta. E para o infortúnio de todos tornaram Obama num igual.
Brasil, 7 de novembro de 2010
* Ricardo José de Azevedo Marinho é professor da UNIGRANRIO.
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