VOTO POSITIVO começa publicar uma série de 2 partes sobre o filme Tropa de Elite 2. Eles faziam parte de um longo texto, porém, com autorização do autor, decidimos postá-los em parte para que o debate sobre o filme ganhe espaço de interpretação política entre nossos leitores. Portanto leiam, divulguem e comentem.
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Voto e Sangue em Tropa de Elite 2: “Como podemos salvar nossas maçãs?” (PARTE 1)
Por Pablo Spinelli
O que torna Tropa de Elite 2 (a partir de agora, TE) um fenômeno não é sua temática sobre a violência urbana. Tal abordagem foi feita em “Salve Geral” e este não foi um sucesso de público. Também não está a sua enorme popularidade calcada nos recursos técnicos. O que há na verdade, em nossa opinião, é a síntese interessante de discurso reflexivo com uma montagem moderna – quase televisiva, mas esse quase está mais para um seriado como “24 horas” do que para as novelas globais – passando, é claro, pelas interpretações titânicas de um Seu Jorge que carrega nos olhos algo do Sandro do “Ônibus 174” até um Wagner Moura que na sua postura física e no olhar carrega um fardo nas costas, bebe água, é presa, é predador. Isso sem grandes trejeitos e nem berros.
A sua narração tem uma interpretação singular. Não é uma simples narração, é um bate-papo tomando um chopp no bar da esquina. Esse recurso é um achado que deu certo no primeiro filme e mais ainda no segundo, pois aproxima o espectador do personagem, justamente o que faz esse TE diferente do primeiro TE.
Outra coisa que faz esse TE 2 diferente é o foco na POLÍTICA. Essa, ausente de debates públicos como na recentíssima corrida presidencial, surge nas telas atendendo um público cuja demanda hoje não é suprida por partidos políticos, sindicatos, ONGs. No filme dirigido pelo José Padilha há traços da história recente de nosso Estado onde, numa metralhadora giratória e tensa, muito tensa, não sobra nada para ficar de pé. Políticos, policiais, classe média, favelas, mídia. Todos esses ídolos de pés de barro são demolidos. Ao fundo uma crítica de que a POLÍTICA hoje em dia no Brasil e o Rio de Janeiro, em particular, está fadada a imitar a rotina dos Estados Unidos: O voto pelo voto, partidos políticos que são máquinas eleitorais sem penetração no tecido social, políticos que querem o poder pelo poder, menor distinção do que é liberal de conservador, entre outros pontos.
Nessa pegada, Padilha explora as ligações do voto com o desenvolvimento das milícias, organizações paramilitares de “fascismo de mercado” que ganharam terreno no vácuo deixado pelo Estado às comunidades carentes. Com a prática da milícia a cidadania deixa de existir e o cidadão fica refém de uma prática perversa: a de pagar para continuar vivo. O filme, numa perspectiva fora do “filme-de-comunidade”, abre os bastidores da Política por onde passam Secretários de Segurança corruptos, deputados “padrinhos” de comunidades, policiais militares que usaram do cálculo empresarial para “administrar” qualquer comunidade como uma empresa onde não há demissão e sim, execução.
O filme me parece extremamente infantil. Estilo policial americano dos anos 90, no máximo. O que mexeu com público e crítica foi na "tentativa" de explicar um problema social complexo de forma simplista, retilínia, fácil.
ResponderExcluirSabemos que o problema das milícias é bem mais complicado do que o mostrado no filme. Tem até intelectual, em entrevistas na CBN, citando o filme como se fosse "documento histórico". Tem-se que verificar a própria conivência de grande parte da população com esta postura "anti-cidadã". Pouco política, demonstrando muito bem a postura individualista da população atual.
Logo o filme tratou de um fenômeno urbano de alta complexidade de forma simples, como disse acima, por isso chamou a atenção a atual média intelectual da população brasileira. E viva o 73o colocação no IDH!!!!
Nossa o Raul falou tudo! Foi a mesma coisa que eu senti ao ver o filme, e pra mim foi como se tivesse visto um filme reprisado na sessão da tarde, pois sou moradora da Zona Oeste. Preciso dizer mais aguma coisa?
ResponderExcluirO filme não foge muito da realidade do nosso Rio da Janeiro, mais o filme é muito fraco,pois o treinamento da BOPE é muito pior ,o filme não retrata o verdadeiro treinamento!
ResponderExcluirAbraços Professor...Igor Mendes