Estudantes aprovam Greve Estudantil na UFRJ
Para uma Perspectiva Democrática na Greve das Universidades
Por Vagner Gomes de Souza
Filiado ao SEPE-RJ faz parte da CHAPA 3 – EDUCAÇÃO (as opiniões expressas nesse artigo são individuais)
A Greve nas Instituições de Ensino Superior se estenderam por todo país no mês de maio com poucas notícias na imprensa que continua “fiel” a tentativa de reedição de um “novo” Presidencialismo de Coalizão com o Governo Dilma. No entanto, Dilma não apresenta um trânsito no sindicalismo em geral e muito menos entre o setor público. A atual onda grevista nas Universidades Federais desmonta a “propaganda governista” de mundo perfeito no ensino público superior, o que demonstra o quanto o Ex-Ministro de Educação (Pré-candidato a Prefeito de São Paulo) foi apenas uma “sombra” diante dos índices de popularidade do “lulismo”. Não houve nada que além de novos cursos nas Universidade abertos com Professores Substitutos e sem muita estrutura para garantir ensino, pesquisa e extensão. A Greve expõe uma verdade de unidades universitárias sem recursos diante de uma sociedade plural que ampliou seu acesso a mesma.
Imensos contingentes de estudantes universitários ganharam acesso as Universidades Públicas. Isso é inquestionável, porém elas apresentam uma qualidade muito inferior ao que apresentavam há duas décadas. As Universidades foram abertas como uma resposta de igualitarismo social sem uma valorização da dimensão do processo republicano. Agora, os novos sujeitos juvenis que chegaram até elas se deparam com a ameaça de um Ensino Médio de Terceiro Grau se não houver maior atenção para investimentos nos Laboratórios Universitários, nos Hospitais Universitários, na modernização e informatização das Bibliotecas Universitárias, etc. A Universidade Pública gradualmente se transforma em mais anos de estudo de um mesmo ensino deficiente se não houver imediata reação das forças progressistas. Diga-se de passagem, o discurso ufanista do Governo Federal com gastos empenhados nas Bolsas de Alunos no PROUNI que “salva” algumas Universidades Particulares da falência sem uma atenção para a ampliação dos gastos nas Públicas. Trata-se de um dos efeitos da opção pela atenção do social colocando a Universidade como “Fábrica do Debate Plural” em segundo plano, pois nela estaria possíveis vertentes mais dinâmicas da construção de nossa democracia.
Momentos de Greve que questionam essa opção pelo social sem vínculos com o fortalecimento da aproximação da sociedade com a Universidade pelo caminho da democracia. Paradoxalmente a Greve está sob o comando de setores docentes que desprezam a democracia como terreno dos sujeitos e alimentam dogmas já superados pela sociedade que ingressa na Universidade. As paralisações ocorrem parcialmente nas unidades Universitárias diante da diversificação da Carreira Docente (Efetivos e Substitutos/Contratados) e da capacidade de cooptação das direções Universitárias ocupada por ex-dirigentes do sindicalismo docente. Enfrentar essa nova realidade com a velha receita do “grevismo prolongado” não contribuirá para as novas perspectivas de democracia nas Universidades Brasileiras. A cultura da pressão democrática deve combinar a Greve como uma das alternativas a mobilização uma vez que as longas greves do passado foram numa outra conjuntura sobre a oferta de emprego para o jovem. Assim, a juventude universitária não pode ser “elo de transmissão” de slogans do passado. Esse é o momento de levar a juventude universitária um discurso mais coerente com sua formação pluralista que só se resolve através de maior exercício da democracia. Lindas são as fotos da volta das assembleias estudantis lotadas. Mais belos serão os momentos em que o “assembleísmo estudantil” seja ampliado por plesbicitos em cada curso para deliberar temas como Greves Estudantis ou no momento em que a União Nacional dos Estudantes (UNE) seja finalmente declarada como superada politicamente diante dos novos tempos permitindo o pluralismo de novas organizações estudantis e/ou juvenis nas Universidades.