quinta-feira, 21 de julho de 2011

Novas teses sobre o Reformismo na Cidade do Rio de Janeiro


A cidade do Rio de Janeiro apresenta uma perspectiva de mudanças para os próximos 5 anos a medida que se aproximam a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas de 2016. Os eventos esportivos mundiais podem implicar em ganhos para a sociedade carioca desde que haja uma política reformista democrática para impulsionar o acompanhamento das intervenções urbanas no município. Nesse caso, a vida democrática no espaço público deve ser uma conquista ampliada pelas forças da “centro-esquerda”.
Os grupos econômicos dominantes desejam fazer dos eventos esportivos apenas mais uma oportunidade de expansão de seus lucros, pois entendem que os mecanismos democráticos controlam suas atividades. Por isso, o Regime Diferenciado para a Copa do Mundo (RDC), que altera algumas regras dos processos de licitações de obras públicas, não atende aos interesses republicanos defendidos pelas forças democráticas. O apoderamento do capital se beneficia pela centralização política em conexão com as práticas clientelistas.
A política tradicional que faz das localidades do Rio de Janeiro um espaço de dominação de “chefes locais” que exercem a intermediação das decisões administrativas. Muitas localidades esse “localismo” está vinculado ou ao assistencialismo ou ao “banditismo” (grupos milicianos e narcotráfico). O governo municipal desenvolve essa conexão desenvolvendo o que há de perverso no “americanismo político” que são as máquinas partidárias sem uma vinculação com classes sociais.
Na verdade, a cidade do Rio de Janeiro é uma polis onde os conflitos se desenvolvem sem uma nitidez quanto as classes sociais como exemplifica a recente crise dos bombeiros. Não podemos aceitar um reducionismo político na busca de uma “nova classe média”, pois no Rio de Janeiro a democracia sempre foi um programa multiclassista. Contudo, há uma história política jacobina (com origens na Proclamação da República) que foi sendo esvaziada pelas forças conservadoras. Um “jacobinismo carioca” atuante nas mobilizações estudantis dos anos 60, nas mobilizações bancárias nos anos 80 e recentemente nas movimentações dos servidores públicos.
Essa vertente de “jacobinismo carioca” não reconheceu no reformismo um caminho democrático para as mudanças em nosso município. Vive o dilema da ideologização da competição política que pode levar as forças da oposição para o “gueto”. O “jacobinismo carioca” precisa ser educado pela tradição política da aliança com o “campo democrático”. Essa é a condição para um diálogo político entre PPS, PSOL e o PV (“marineiro”) uma vez que devemos atuar na política real da cidade para avançar a democracia.
Unir essas três forças políticas em torno de uma proposta concreta para descentralizar a política carioca para que a cidadania esteja presente não apenas nos debates institucionais como em mecanismos de participação viabilizados pela INTERNET. Roberto Freire, Heloisa Helena e Marina Silva são lideranças nacionais que conseguem uma parcela de adesão de segmentos na sociedade carioca. Ressalvamos ainda a segunda colocação da candidatura verde nas eleições presidenciais de 2010, o que demonstra um potencial político para levar as eleições municipais ao segundo turno.
A volta da “esquerda carioca” ao Governo Municipal após duas décadas se fará pela transformação da ação jacobina numa postura reformista. Apoiar uma aliança histórica entre socialistas, esquerda democrática e ecologistas. Valorizar a formação de uma “base política independente” com a candidatura de Fernando Gabeira a Câmara Municipal. Convidar outras personalidades do mundo intelectual e social a se somarem a esse processo de “ocupação política” da Câmara com uma nova postura política.
Defesa de um programa reformista para o Rio de Janeiro fazendo uma “oposição com conteúdo” ao modelo de gestão que herdamos de nossa democratização com vícios de centralismo e fisiologismo. Transformar as Administrações Regionais em núcleos de participação e organização política da sociedade ao contrário de “moeda de troca” entra as forças políticas deve ser a bandeira da democratização ampliada.